A maternidade em idades avançadas é um tema que desperta fascínio e questionamentos éticos, médicos e sociais. Embora a ciência tenha possibilitado que mulheres em idades antes impensáveis possam ter filhos, os riscos para a saúde e os impactos emocionais ainda são áreas de intenso debate. Aqui, trago o relato de três casos marcantes de maternidade na velhice, ilustrando os extremos dessa possibilidade no mundo moderno.
1. ERRAMATI MANGAYAMMA ( Mãe aos 74 anos)
Erramatti Mangayamma, uma agricultora indiana, entrou para a história como uma das mulheres mais velhas a dar à luz. Em 2019, aos 74 anos, ela teve gêmeas por meio de fertilização in vitro (FIV). Após décadas de casamento sem filhos, ela e o marido decidiram buscar tratamento médico.
Os embriões foram fertilizados com óvulos de uma doadora e o esperma do marido. Apesar do parto bem-sucedido por cesariana, Erramatti permaneceu sob monitoramento intensivo devido aos riscos para sua saúde. Este caso reabriu debates sobre os limites éticos da FIV, pois a gravidez em idades avançadas aumenta significativamente os riscos de hipertensão, diabetes gestacional e complicações cardiovasculares.
2. MARIA DEL CARMEN BOSADA (A Mais Velha Mãe Solo, aos 66 Anos)
Em 2006, a espanhola Maria del Carmen Bousada, aos 66 anos, deu à luz gêmeos após mentir sobre sua idade em uma clínica de fertilização nos EUA. Ela alegou ter 55 anos para ser aceita no tratamento. Seu caso causou grande polêmica, pois os gêmeos ficaram órfãos dois anos depois, quando Maria faleceu de câncer.
Este caso levantou questões sobre os impactos psicológicos nos filhos de mães idosas, além de reforçar a necessidade de uma avaliação rigorosa da saúde e das condições de vida das candidatas à fertilização em idades avançadas.
3. ADRIANA ILIESCU (A Mais Velha Mãe Viva, aos 66 Anos)
Adriana Iliescu, da Romênia, foi considerada a mulher mais velha a dar à luz em 2005, aos 66 anos. Professora universitária e escritora, ela teve uma filha com ajuda de FIV usando óvulos doados. Diferentemente de outros casos, Adriana permanece saudável e ainda cria sua filha.
Apesar do sucesso, sua história também é um exemplo das críticas à maternidade tardia, especialmente no tocante à diferença geracional e ao impacto na vida dos filhos. Adriana frequentemente defende sua decisão, afirmando que a maternidade foi um ato de amor.
REFLEXÕES MÉDICAS E ÉTICAS
Casos como esses ilustram os avanços impressionantes da medicina reprodutiva, mas também trazem desafios médicos:
1. Saúde Materna e Neonatal: Gravidezes tardias apresentam maior risco de complicações para a mãe e o bebê. A necessidade de monitoramento intensivo e cesarianas programadas é quase universal.
2. Impactos Psicológicos e Sociais: Crianças de mães idosas podem enfrentar desafios relacionados à perda precoce dos pais e ao estigma social.
3. Questões Éticas: Clínicas de fertilização enfrentam pressão para equilibrar os desejos das pacientes com considerações sobre o bem-estar das futuras crianças.
A maternidade na velhice nos força a questionar os limites entre o que é possível e o que é ideal, incentivando debates sobre as fronteiras da ciência e a ética no campo da reprodução