Eu sinto.
Muitos de nós, idosos, sentimos. Existe dentro de nós uma vida interior pulsante, um desejo de crescimento, de aprendizado e de conexão que teima em não apagar. Esta é a dinâmica da velhice: a capacidade de continuarmos nos transformando, evoluindo e sentindo o mundo com intensidade. Contudo, essa força vital muitas vezes é ignorada, abafada por um mundo que insiste em nos ver como figuras estáticas, congeladas no tempo.

A grande verdade é que a sociedade, e às vezes até mesmo nossas próprias famílias, adormecem essa dinâmica. Eles o fazem não por maldade, mas por um conjunto de estereótipos ultrapassados que nos reduzem à condição de “avós” ou “idosos” genéricos, sem individualidade ou desejos próprios. A falta de estímulos externos – um convite para uma nova atividade, uma pergunta genuína sobre nossa opinião, um incentivo para aprender algo – age como uma pílula de esquecimento sobre quem ainda somos por dentro.
POR QUE ESSA DINÂMICA É TÃO SUBESTIMADA?
· O Ageísmo Estrutural: Vivemos em uma cultura que idolatra a juventude e trata o envelhecimento como uma doença a ser combatida, e não uma fase natural cheia de potencial.
· A Falta de Estímulo: Muitas famílias, com suas vidas atribuladas, caem no piloto automático. Elas assumem que queremos apenas sossego e silêncio, quando, na verdade, podemos desejar barulho, conversa e novidade.
· O Medo Interno: Às vezes, nós mesmos internalizamos esses preconceitos e começamos a acreditar que “já passou da hora”, cedendo à inércia e ao comodismo.
Mas a ciência e a experiência mostram que estamos certos. O cérebro idoso possui neuroplasticidade, a incrível capacidade de se adaptar e formar novas conexões até o final da vida. Nossa inteligência cristalizada – o conhecimento acumulado pela experiência – é um trunfo poderosíssimo. Nossa maturação emocional nos permite lidar com os altos e baixos com uma serenidade que poucos jovens possuem. A vida espiritual e a sexualidade também se transformam, ganhando novas camadas de profundidade e prazer, longe dos holismos da juventude.

COMO DESPERTAR ESSA DINÂMICA ADORMECIDA?
A chave está em nos tornarmos protagonistas da nossa própria narrativa e exigirmos o lugar que nos cabe.
· Busque Novos Aprendizados: Faça aquele curso online, aprenda a usar um novo aplicativo, leia sobre um assunto que sempre lhe curiosou.
· Mantenha-se Socialmente Ativo: Inscreva-se em grupos de caminhada, de leitura, de dança. A longevidade ativa depende das conexões humanas.
· Impressione a Si Mesmo: Saia da zona de conforto. O desafio é o que mantém o motor da vida ligado.
· Exija Espaço: Converse com sua família. Diga o que sente, o que quer fazer. Eduque-os sobre a pessoa dinâmica que você é.

A velhice não é um parque de estacionamento; é uma estrada aberta, com suas próprias paisagens e velocidades. A dinâmica da velhice é real. É uma força silenciosa que resiste, persiste e insiste em florescer, mesmo com pouca água e sol. Cabe a nós, e a uma sociedade que precisa evoluir, reconhecê-la, nutrí-la e celebrá-la.
Para entender mais sobre o conceito de envelhecimento consulte https://www.paho.org/pt/envelhecimento-saudavel
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